segunda-feira, maio 01, 2017

Espelhos inteiros, corações partidos



Se procurarmos cirurgia plástica no dicionário encontraremos: processo de reconstruir artificialmente qualquer parte do corpo arruinada ou destruída.

Pois, arruinada ou destruída... Eu diria então que as cirurgias plásticas seriam algo necessário após uma cirurgia plástica!

O problema das cirurgias é que basta fazerem uma para não conseguirem parar mais. Porquê? Porque deixam de ser, a partir daquele momento, eles próprios no espelho, e não há como voltar mais atrás, perdem a identidade e nunca mais se encontram, além de que não se deram a oportunidade de aprender a gostar deles próprios como são. E é isto que é fundamental, gostarmos de nós próprios independentemente do que nos dizem. Porque vamos envelhecer a cada ano e se já não gostamos de algo em jovens e não nos aceitamos assim, como será então ao longo dos anos com todas as mudanças do nosso corpo?

E a dada altura as pessoas acabam por cair no ridículo... Será que não vêm isso ao espelho? Será que gostam realmente do que vêm?
Mas como pode alguém gostar de se ver ao espelho se não se vê a si próprio, a pessoa que sempre conheceu? Como pode identificar-se, como pode ter amor próprio?
Tantas pessoas que estão desfiguradas no mundo, devido a crimes, guerras, doenças, crianças também! E não têm a oportunidade de fazer uma cirurgia, ou se fazem, porque têm que as fazer, ficam diferentes e sofrem porque não se reconhecem ao espelho... 

Como pode este mundo louco sentir-se bem ao mudar-se a si próprio?? É como a história da rapariga que se queixava que tinha uns sapatos feios à rapariga que nem sequer tinha pés para calçar uns sapatos...
Acho que neste momento há uma percentagem exageradamente alta de pessoas no mundo que já fizeram plásticas sem um motivo...
Acredito que há muita gente no mundo que sucumbe aos males da fama, que sucumbe aos traumas do bulying, acredito que há muita gente que faz plásticas porque os fizeram detestar-se a si próprios... Mas há tanta gente também que o faz por vaidade... Por futilidade... Pelo facilitismo em que isto se tornou...

Não vou criticar quem faz plásticas porque sofreu bullying dos pais, porque isso é terrível, são os pais, são as pessoas que nos devem fazer sentir bem connosco, ensinar-nos a ter amor próprio... Mas fazê-lo por vaidade?... Andam tantas miúdas novas já a encher os lábios e as bochechas, qualquer dia ninguém será verdadeiro, porque se não o somos com nós próprios nunca estaremos a ser com os outros também.

De todas as pessoas famosas que fazem plásticas, só tenho que dizer a pena que tenho, mas a que mais mexeu comigo foi, sem dúvida, o Michael Jackson, o que ele fez com ele próprio foi uma terrível e lenta autodestruição, ele não era feio, mas segundo se diz, o pai dizia-lhe que era feio, e que pai faz isso? Porquê? Um pai pode destruir assim um filho facilmente, principalmente porque é o PAI, o herói do filho, não há compreensão para tal acto... Posso dizer que admiro o Michael Jackson, acredito que era uma excelente pessoa, acredito que não cometeu os crimes de que foi acusado, admiro-o por tudo o que fez por tantas centenas de associações e crianças no Mundo, por tudo o que tentou fazer com a música para mudar o Mundo para melhor, mas custa-me ver o que fez com ele próprio, as músicas que escreveu pela igualdade entre raças, acabando por se contradizer ao mudar a cor da sua própria pele. Ainda hoje me incomoda, demais, vê-lo em fotos ou vídeos dos últimos anos... Não o reconheço, acho que o verdadeiro eu dele está ali, mas acho que estava tão coberto pelos layers emocionais de todas as mudanças físicas, que ele próprio se perdeu dele, provavelmente não teria ficado tão debilitado...

Era o tipo mais adorado no planeta. Podia continuar a sê-lo ainda hoje, mas precisava tanto da aprovação do Pai, que não conseguiu encontrar apenas o caminho para se sentir bem com ele próprio independentemente do que os outros diziam ou pensavam. E assim começou com as intervenções plásticas. Mas bastou uma. A primeira. Basta uma para mudar tudo. Para nunca mais se voltar a ver no espelho como um ser inteiro, completo, por fora e por dentro. O início dum caminho sem volta, que piora para quem não consegue parar...

Seria maravilhoso, se parasse esta loucura das plásticas no mundo, gostava que as pessoas olhassem para o Michael Jackson e vissem como ele era bonito antes e como ele se perdeu a tentar corrigir-se e corrigir-se e corrigir-se fisicamente, quando não havia nada para corrigir, chegando ao que chegou...

Este, segundo programas, seria o Michael Jackson se não tivesse feito qualquer intervenção, é de chorar ao pensar que ele poderia estar assim e vivo, porque as cirurgias aos poucos destruíram-no por dentro também...


Este é o Michael Jackson, o verdadeiro, aquele que eu recordarei para sempre.
Haja coragem para nos aceitarmos a nós próprios, orgulhar-mo-nos de nós, somos únicos!